Estudos da Tradução

Clarice Lispector

Clarice Lispector

Clarice Lispector nasceu em Tchetchelnik (Ucrânia), em 10 de dezembro de 1920, recebendo o nome de Haia (Vida). Chegou ao Brasil, em 1921, aos dois meses de idade, juntamente com seus pais e as irmãs, Elisa e Tânia. Inicialmente, a família Lispector morou em Maceió e, posteriormente, no Recife, onde a menina Clarice cresceu num bairro judaico, aprendeu a ler e a escrever e se arriscou a compor alguns textos enviados para um jornal da cidade, mas que nunca foram publicados porque somente transmitiam “emoções e sensações”.

Em 1934, quatro anos após a morte da mãe de Clarice, nova mudança da família Lispector, dessa vez, para o Rio de Janeiro, onde, em 1939, ingressou na Faculdade de Direito. Durante o período como estudante, Lispector trabalhou em um escritório de advocacia e traduziu textos científicos para algumas revistas. Entretanto, não há dados a respeito dessas traduções. Em 1940, foi contratada para trabalhar como tradutora de documentos oficiais do governo Vargas na Agência Nacional, mas, como o quadro de tradutores já estava completo, trabalhou como redatora de textos oficiais. Mais tarde, passou para o jornal A Noite como repórter. Em 1941, é publicada uma tradução feita por Clarice de O Missionário, de Claude Farrère, para a revista Vamos Lêr!, publicada no Rio de Janeiro.

Em 1943, casou com seu colega de faculdade, Maury Gurgel Valente. Por força do trabalho do marido como diplomata, Clarice morou em várias cidades da Europa e também nos Estados Unidos. Isso fez com que desenvolvesse a leitura em outras línguas, notadamente o francês, o italiano e o inglês. É desse período no exterior, que Clarice cultuou o hábito de escrever cartas para familiares, amigos e editores.

Com o fim de seu casamento, em 1959, Lispector voltou ao Rio de Janeiro. Com dois filhos pequenos para criar, ela afirmava que passava por dificuldades financeiras. Esse fato levou-a novamente a trabalhar como jornalista, publicando artigos sobre temas variados na revista Senhor e no jornal Correio da Manhã. A partir de 1960, manteve uma coluna no jornal Diário da Noite e, no início da década de 1970, fazia entrevistas semanais para a revista Manchete com o título de Diálogos Possíveis. De 1967 a 1973, escrevia crônicas semanais para o Jornal do Brasil e, em 1976 e 1977, fazia entrevistas para a revista Fatos & Fotos. Além dos romances, crônicas, novelas e contos, Clarice escreveu cinco obras dirigidas ao público infantil. Em 1976, um ano antes de seu falecimento, Clarice recebeu o Prêmio da Fundação Cultural do Distrito Federal pelo conjunto de sua obra.

Ainda na década de 1960, traduziu obras condensadas para a Biblioteca de Seleções do Reader’s Digest. São dessa época as traduções de Epitáfio para um Inimigo, de George Barr, Três ratinhos cegos, de Agatha Christie, A segunda aurora, de Alistair Maclean, e Matriz de Bravos, de Anya Seton.

Mas é da década de 1970 o maior número de obras traduzidas por Clarice Lispector, tanto de ficção quanto de não ficção. Começou a traduzir obras de autores ingleses e franceses para algumas editoras, como Artenova, Ediouro e Rocco. Dentre os autores estrangeiros, destacam-se Agatha Christie, Anne Rice (Entrevista com o Vampiro), John Farris, Jack London. Também traduziu algumas peças de teatro, como Os Corruptos, de Lillian Hellman, junto com Tati Moraes. Ainda com Tati, traduziu a peça de Ibsen,Hedda Gabler. Clarice também adaptou obras de autores clássicos (Poe, Wilde, Fielding, Swift, Verne e Scott) para o leitor jovem. Mas é apenas em uma de suas crônicas publicada na Revista JóiaTraduzir procurando não trair (1968), que Lispector faz reflexões sobre a sua atividade como tradutora, procurando ser fiel ao original. Como a tradução implica uma mudança de código, isso “exige uma adaptação mais livre”, segundo suas palavras na referida crônica.

O biógrafo americano de Lispector, Benjamin Moser, afirma que o trabalho dela como tradutora não foi notável, que ela se desincumbiu dessa tarefa em suas horas vagas, pois o que recebia pelas traduções era muito pouco. Em uma nota, no final do livro, Moser levanta a hipótese de que uma irmã de Olga Borelli tenha feito muitas das traduções para Clarice.

Clarice Lispector faleceu no Rio de Janeiro em 9 de dezembro de 1977.

Verbete escrito por Norma Andrade da Silva e Marie-Hélène Catherine Torres

Dicionário de Tradutores Literários do Brasil, disponível em: https://dicionariodetradutores.ufsc.br/pt/ClariceLispector.htm

WIDMAN, Julieta. A 'hipótese da retradução' pelas modalidades tradutórias, nas traduções para a língua inglesa de A paixão segundo G.H. 2016. Dissertação (Mestrado em Estudos da Tradução) - Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2016. Disponível em: https://doi.org/10.11606/D.8.2016.tde-24112016-124301

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