As Oraturas afro-brasileiras são manifestações culturais e artísticas transmitidas predominantemente pela oralidade, originadas nas tradições africanas trazidas ao Brasil e transformadas pelas experiências históricas, sociais e culturais vivenciadas pelas comunidades afrodescendentes no país.
O termo oratura é uma junção de "oralidade" e "literatura", enfatizando a valorização da tradição oral como forma legítima de produção cultural e narrativa, equivalente à literatura escrita. A oratura inclui uma ampla gama de expressões culturais, como contação de histórias, cantos, rezas, provérbios, mitos, lendas e poemas performáticos.
Oralidade como meio de transmissão: A oralidade é a base da preservação e perpetuação dessas tradições, geralmente passada de geração em geração, muitas vezes em contextos comunitários ou familiares.
Ritualidade e espiritualidade: Muitas dessas expressões estão conectadas às práticas religiosas afro-brasileiras, como o candomblé e a umbanda, sendo parte de rituais, cantos sagrados (como os cânticos para orixás) e narrativas cosmológicas.
Resistência cultural: A oratura afro-brasileira representa um ato de resistência contra os processos de apagamento cultural e histórico decorrentes da escravidão e da colonização, reafirmando a identidade e a memória afrodescendente.
Ritmo e musicalidade: O uso do ritmo, da repetição e da musicalidade é marcante, frequentemente integrado a instrumentos como tambores, atabaques e outros elementos musicais.
Coletividade e interação: Essas manifestações frequentemente envolvem a participação do público, criando um senso de pertencimento e reforçando laços comunitários.
As oraturas afro-brasileiras são fundamentais para a manutenção da memória histórica e cultural das populações negras no Brasil. Elas evidenciam a riqueza das contribuições africanas para a formação cultural do país, além de atuar como meio de preservação de valores, tradições e histórias que foram marginalizadas ou silenciadas pela narrativa histórica oficial.